segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A NOITE

Noite dos desejos vagos.
Vens tão perto que desperto e vou te amar.
Quero pousar no descanso infinito de teus lindos sonhos
Que me acolhem e me sacodem
Mas não podem me abraçar.
Tão indecisa na amplidão da minha mente
Que de repente sei te amar sem sofrer
Sem sofrer sei chorar
Sem chorar sei doer.
Quando o dia apressado cai trasdosmontes
Meus olhos te abarcam , e ansiosa e repentina
Vens fogosa e irrompida, no teu seio vou deitar.

Noite dos desejos, dos sonhos, dos milagres, por que és finita?
Se quando vais já vem o dia
E a solidão sufoca e grita.
Tão de manso no descanso derradeiro , o silêncio sorrateiro
que corrompe quando rompe a Lua e a rua fica vazia.
No sonoro despertar em que o Sol aponta e desponta o pesadelo
Eu revelo o segredo de te amar.
Que Paz mais desejada!
E a Lua, fatigada,
Chora manso e prateado
E no chão todo molhado
Deito firme e vou chorar.

REFLEXÕES

Ela me procurou para que eu escrevesse a seu respeito.
De coisas que a lucidez extrema não deixa que se fale.
A lembrança é produtiva até certo ponto.
Dolorosa quase sempre.
Também não é completa.
Onde dói muito não se toca, se não se morre.
A lembrança por vezes não tem temporalidade.
Não faz diferença.
Ela existe e pronto.

SAUDADE

E se você surge
De repente em meu caminho
Eu queria mesmo era te fazer carinho
Me casar e me enrolar
Fazer amor e te encantar
Garota, menina, mulher
Que só faz mesmo o que quer
O que não quer não acontece
E  eu padeço esta saudade
De saber que você está perto
E nem posso te chegar

E se você surge
De repente em minha hora
Eu quero é correr agora
Pra janela, e te sacar
Assim normal, com esta roupa
Que eu te quero nua
Com este brilho que parece Lua
Com esta vida que pensei
Ser minha, ou sua, sei lá
E nem posso te esperar
E eu vibro de saudade.

POEMA À VINICIUS

PREPOSIÇÕES

Hoje tudo voltou como há muito não vinha. Os sons penetram meu corpo e estou sozinha. Engulo a seco a bebida gelada. Volto ao papel , nem sei o porquê. 

Há um fogo que arde como há muito não ardia, as palavras chamuscando as folhas  amareladas quisá pelo tempo, quem sabe a tintura.

Talvez você não entenda o que está se passando, pode até achar que meu português está ruim, poucas preposições aditivas e muitos talvez, o medo de ligar as palavras, ou as pessoas.

É tudo tão estranho, bonito, triste. Não sou capaz de contar nada a respeito de coisa alguma. Tudo é sonoro e palpável, até o invisível que sua lembrança me traz.

Pode achar loucura, mas verá um dia que, mesmo não sendo verdades, há lucidez nas coisas que falo.

Minha cabeça gira, gira sem parar.

Em torno de um centro que não sei onde está.

Em torno de um tema que não sei precisar.

Em torno de um dia que não se virá.


INSPIRAÇÃO

Abra a boca
Que o ar entra sozinho.
Fisica, minha cara,
a inspiração é passiva.

Inspire
e escreva.
Deixe a mão ir sozinha,
sem criticas.

Quando você faz amor a mão não vai sozinha?
É quando escreve sua estória
e deixa a assinatura em cada corpo
que não poderá ser apagada jamais.